Metodologia:
Os participantes do PAP 3 e 4, além de responderem ao questionário, também o aplicaram com outras pessoas, resultando numa amostra representativa da cidade do município.
Foram respondidos aproximadamente 80 questionários.
Embora os resultados sejam uma estimativa e o índice “pegada ecológica” tenha naturalmente limitações, o resultado pode ser muito importante para a busca de viabilização de um consumo que venha a ser socioambientalmente responsável como decorrência de ser um consumo reflexivo, que busque seu sentido como ação cultural que transforma o mundo e que o faz conscientemente, na construção responsável da História.
O cálculo é feito quando dividimos o número de hectares da pegada ecológica  da amostra por 1,8, que obterá o número de planetas Terra que precisaríamos caso todos as pessoas do mundo tivessem uma pegada ecológica semelhante a cada um de nós, ou do nosso município. 
É importante que ela seja feita individualmente e coletivamente e que considere que a redução de nosso impacto ambiental (pegada ecológica) que, em geral, implica revisão na maneira como definimos nossas necessidades e como escolhemos os meios para atendê-las, pois: 
COMO CONSUMIMOS + COMO PRODUZIMOS = COMO IMPACTAMOS.
Ao lado, o questionário aplicado
A média da Pegada Ecológica de um morador de Dois Córregos é de 236, o que significa que cada habitante do nosso município necessita entre 4 e 6 ha de terra produtiva para manter até o momento, o seu padrão de consumo.
Lembramos que a pegada ecológica média no Brasil é 2,2 hectares por pessoa, enquanto que em Bangladesh é 0,6 hectares por pessoa e nos EUA é 12,5 hectares por pessoa!
De qualquer forma, estima-se que existam 1,8 hectares de área produtiva disponível para cada pessoa e isso significa que estamos bem acima do valor médio. 
Nosso diagnóstico mostra que nossos maiores excessos estão na  produção de RESÍDUOS,  ALIMENTAÇÃO e TRANSPORTE
No caso dos resíduos, a maior parte da população não tem como hábito separar os resíduos ou praticar compostagem com os resíduos orgânicos, ainda não estão habituados a prática dos “Rs” como a redução, a reciclagem ou reutilização de produtos e embalagens, gerando assim um alto índice de resíduos dentre eles matérias primas extraídas na natureza e, portanto já causaram impacto e foram descartadas quando poderiam ser reaproveitadas, poupando a natureza de novas extrações. Lembramos que cada produto também em sua cadeia de custódia, causou um grande impacto e é por este motivo que este item tem uma “Pegada” tão significativa.
A ALIMENTAÇÃO é outro grande impacto, uma vez que a população tem por hábito o consumo de carne em quase todas as refeições durante a semana. Mas o que mais contou mesmo foi o hábito de não consumir produtos produzidos localmente. No caso o impacto (pegada) é causada pelo CUSTO ambiental da produção da carne, principalmente a carne de boi, que vai desde o desmatamento para a abertura de pasto, perda de biodiversidade, água, gazes gerados pela digestão dos animais e que por mais engraçado que pareça, colaboram para o efeito estufa, sem contar os altos custos da produção como os cuidados com os animais. Ah! E ainda tem o transporte que também é contabilizado.
O impacto no item alimentação também se deve ao consumo de produtos não gerados localmente uma vez que o transporte desses alimentos (combustível) é o maior fator de impacto no meio ambiente.
O terceiro item é o TRANSPORTE. Embora as viagens para a região não tenham uma pontuação alta, o que mais contou foi o fato de quase todas as pessoas possuem carro e o utilizam para se locomover principalmente para o trabalho e são poucos os que usam bicicleta ou moto.
Dessa forma, serão sobre estes itens que nossos multiplicadores estarão trabalhando, elaborando metas e estratégias para que possamos mitigar os impactos causados pela população.
O próximo passo agora é estabelecer estratégias, ações e metas para mitigarmos os maiores impactos  que a população causa no município e consequentemente, no planeta.
  
O que é a Pedaga Ecológica?
O conceito “Pegada Ecológica” foi criado por William Rees e Mathis Wackernagel  (que se basearam no conceito ecológico de “capacidade de carga” e  outros como o “emergy” e o “MIPS”). A Pegada Ecológica é uma metodologia  que converte os hábitos de consumo e estilo de vida, não em valores  monetários, mas em hectares de terra fértil necessários para manter esse  “modo de vida”. Através de um detalhado questionário de hábitos  sócio-econômicos, a cada resposta é agregado um valor pré-determinado  que depois é convertido em hectares de terra produtiva, partindo do  princípio de que todas as formas e produtos de consumo têm sua fonte na  agricultura, e que, portanto, é necessária terra fértil e de boa  qualidade.             
Somando  assim estas diversas variáveis obtêm-se um valor global que representa  uma área produtiva capaz de repor, pelo menos em teoria, o capital  natural por nós consumido. É claro que se trata de uma estimativa  aproximada, pois o número de variáveis regionais é muito mais complexo, o  que tornaria impossível sua padronização, ou seja, uma fórmula que  pudesse ser aplicada igualmente às diferentes regiões do globo, mas  considerando-se que o desvio aritmético é igual a todos os cálculos  regionais, cria-se aí uma padronização das amostras, o que efetivamente  pode servir de instrumento de comparação entre as diversas  regiões/comunidades do planeta.   
   
Então,  a estimativa global, a Pegada Ecológica (P.E.), quer dizer, a  quantidade de hectares de terra produtiva, suficientes para manter seu  modo de vida/consumo, pode ser então calculada para as diversas regiões,  cidades e povoados do planeta; podendo ser até aplicada pessoalmente,  tratando-se de uma excelente ferramenta-diagnóstico para se descobrir  onde estão os maiores desequilíbrios/impactos de seu modo de vida, para  então e, a partir daí, fornecer subsídios/motivações para uma mudança de  atitude pessoal (e grupal), quer seja no consumo consciente, ou na  criação de um mundo mais solidário e sustentável.
Portanto,  como forma de utilizarmos mais um instrumento para diagnosticas  os  aspectos negativos dos lugares onde vivemos, e, neste caso, nossa escoa e  entorno,  um questionário-padrão mundial, utilizado por diversas Ongs  internacionais como o WWF e a Caretakers, que recebeu uma  versão em portuguesa, posteriormente adaptada para a realidade  brasileira. Através de perguntas, serão mapeados os hábitos  socioeconômicos, visando identificar diversas categorias de impacto  (pegadas), analisando itens como: moradia, alimentação, transporte,  hábitos de consumo e utilização/disposição de resíduos.  
Todas  estas informações, e suas implicações ecológicas tamvém serão  apresentadas à comunidade escolar, com objetivo de trazer à tona o  debate e o envolvimento comunitário para a solução de seus problemas –  diminuição da “pegada”.
Um  dos motivos por adotarmos esses dois tipos de diagnóstico, é o fato de  que, ao trabalharmos com lamentos e sonho, estamos dando vazão aos nossos  sentimentos, portanto esta ferramenta é bastante emocional. Para  equilibrar nossa balança cerebral, o questionário de “Pegada Ecológica”,  é uma ferramenta que trabalha priorizando a racionalidade, os dados  numéricos, relacionados ao nosso modo de vida e seu impacto no ambiente,  pois muitas vezes em nossas lamentações, nos esquecemos do consumo da  água, dos resíduos, etc.
Se  todas as pessoas do mundo tivessem o mesmo padrão de consumo de um  norte-americano, necessitaríamos de dois planetas e meio para  sobrevivermos evitando défice ecológicos[1]
 Atualmente,  cada cidadão tem uma pegada de 2.8 hectares. Mas deveria ser somente   2  hectares por pessoa (outras espécies necessitam também de recursos).  Isto quer dizer que o consumo humano, hoje em dia, sobre a Natureza,  excede o que a biosfera pode repor. 
Como podemos eliminar este défice ecológico? É necessário considerar quatro fatores:
* Consumo: opções de como e quando viajamos, o tamanho da nossa habitação, o tipo de alimentos que consumimos.
* Tecnologia: quão limpa e eficaz é a produção dos nossos bens e serviços.
* População: o tamanho da nossa família mundial. Entre mais gente, menos capacidade ecológica disponível por pessoa.
* Saúde do ecossistema: esforço para proteger outras espécies e ajudar o ecossistema a lidar com o impacte humano.
Enquanto  podermos tomar decisões precisas para reduzir as nossas Pegadas  individuais, não podemos trocar os estilos de vida globais, somente por  meio de reduções singulares. A eliminação do nosso défice ecológico  depende do limitar das nossas pegadas em conformidade com a capacidade  do planeta a todos os níveis: desde os alimentos que elegemos ingerir  diariamente à política nacional e internacional.
[1] Trecho  extraído dos “textos de apoio 1, 2 e 3 enviados por nossos companheiros  da RIACA e ASPEA (Rede Iberoamericana e Caribenha de Educação Ambiental  e Associação Portuguesa de Educação Ambiental).








